Santa Catarina ofereceu para Igreja a primeira mulher declarada Santa vivida no Brasil. Mas você já ouviu falar em outras pessoas que viveram em nosso estado e hoje estão em processo de reconhecimento de suas virtudes pela Igreja, em vista de uma possível canonização?
Inspirado pela Exortação Apostólica ‘GAUDETE ET EXSULTATE’, do Papa Francisco, o bispo de Joaçaba (SC) e secretário do Regional Sul 4 da CNBB, dom frei Mário Marquez, abriu os trabalhos na parte da tarde de hoje, 05 de março, na reunião do Conselho Regional de Pastoral, com uma apresentação dos vários encaminhamentos de beatificação e canonização nas dioceses catarinenses.
Preparamos um resumo da vida de cada uma dessas pessoas que passaram em nossas terras fazendo o bem:
Albertina Berkenbrock (Diocese de Tubarão) – A primeira mártir brasileira nasceu em Santa Catarina em 11 de abril de 1919. Desde cedo despontava na vida de oração, no amor à família e ao próximo. Se unia ao crucificado por meio de penitências. Jovem, mas centrada no mistério da Eucaristia, tinha vida sacramental, penitencial e de oração. Albertina cuidava do rebanho de seu pai que deu a seguinte ordem: ela devia procurar um boi que se extraviou. No caminho, encontrou um homem de apelido ‘Maneco Palhoça’, que trabalhava para a família. Ela perguntou a ele se sabia onde estaria o boi perdido. Ele indicou um lugar distante, e a surpreendeu lá, tentando estuprá-la, porém, não teve o êxito. A jovem resistiu, pois não queria pecar. Por não conseguir nada, ele pegou-a pelo cabelo, jogou-a ao chão e cortou seu pescoço, matando-a imediatamente. Maneco acusou outra pessoa, que foi presa imediatamente. Ele fingia que velava a menina, e ao se aproximar do corpo, o corte vertia sangue. Ele fugiu, mas foi preso e confessou o crime. Maneco deixou claro que ela não cedeu porque não queria pecar. Tudo isso aconteceu em 15 de junho de 1931. Por causa da castidade, Albertina não cedeu. Albertina foi beatificada em solene Celebração Eucarística no dia 20 de outubro de 2007 em frente à catedral diocesana de Tubarão. Presidiu a cerimônia o cardeal Saraiva – prefeito para a causa dos Santos na época.
Frei Bruno Linden (Diocese de Joaçaba) – O frei que nasceu na Alemanha e morreu em Joaçaba (SC) em 1960 já era considerado por seus fiéis um santo ainda em vida. Frei Bruno nunca aceitava carona, indo a pé ou a cavalo para rezar missa nas comunidades do interior. Alguns relatos dizem que pessoas encontravam o frei na estrada e quando chegavam no local da missa ele já estava lá. Na catedral Santa Terezinha, onde existe um museu em sua homenagem, há dezenas de bilhetes e objetos em gratidão por graças alcançadas. No museu, além de terços, fitas e fotos há até muletas e um par de botas ortopédicas, indicando que provavelmente alguém deixou de usá-las após rezar para Frei Bruno. A memória de Frei Bruno permanece envolta em místicos episódios inexplicáveis para todos. Mas esses fatos não deixam de ser justificativa para o incontável número de devotos que visitam o jazigo daquele que, em vida, espalhou somente a caridade e a bondade. No jazigo dos franciscanos, se encontra o túmulo de Frei Bruno, reformado em 1998 para poder receber a todos os fiéis que incansavelmente migram para o cemitério em nome da fé na figura carismática de Frei Bruno.
Marcelo Henrique Câmara (Arquidiocese de Florianópolis) – Foi um filho e irmão extremamente dedicado à sua família. Amadureceu muito cedo com a separação dos pais e aos 10 anos de idade, assumiu atitude de responsabilidade pela mãe e pelo irmão mais novo. Na juventude procurou render ao máximo seus exímios dotes intelectuais, empenhando-se nos estudos. Tornou-se mestre em Direito, atuou como professor substituto da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e como Promotor de Justiça do Estado. No início do curso universitário participou do retiro espiritual do Movimento de Emaús, quando obteve a graça de profunda conversão ao Evangelho. Nos anos seguintes exerceu intenso apostolado com os jovens do Movimento e na sua Paróquia Sagrado Coração de Jesus, do bairro Inglese, em Florianópolis. Participando dos meios de formação da Opus Dei, encontrou a confirmação da sua vocação laical de santificar as realidades temporais, incluindo o trabalho profissional. Veio a falecer em uma Quinta-feira Santa, dia 20 de março de 2008. Desde então, a fama de santidade do jovem começou a ficar mais conhecida.
Padre Aluísio Boeing (Diocese de Joinville) – O padre Aloísio nasceu no dia 24 de dezembro de 1913, em Vargem do Cedro, naquele tempo município de Imaruí (SC), hoje pertencente a São Martinho. Primogênito de uma família cristã, foi batizado no dia 26 de dezembro do mesmo ano e crismado no dia 22 de janeiro de 1914, na Paróquia São Sebastião, Vargem do Cedro. Os seus pais João Boeing e Josephina Effting Boeing, eram de missa e terço diários. Foi nesse ambiente que Aloísio desenvolveu a sua vida e personalidade na infância: num lar de pais piedosos e acolhedores, que partilhavam o que tinham com os mais necessitados. Com doze anos, aos 11 de fevereiro de 1925, incentivado pelo pároco, ele saiu de sua terra natal, com mais outros três colegas, rumo ao sacerdócio. Em 1974, fundou a Fraternidade Mariana do Coração de Jesus, em Jaraguá do Sul. O que levou o padre Aloísio a fundar a Fraternidade foi seu desejo de ver um grupo de moças unidas, vivendo o Evangelho na realidade do mundo. Deste então, deu a vida para a Fraternidade, acompanhando-a com sua presença e orientação firme e segura. Padre Aloísio morreu do mesmo modo que viveu: santamente. Sentindo próxima sua partida e sentindo deixar a todos que amava disse: “Vocês me encontrarão na Eucaristia”. Partiu no dia 17 de abril de 2006, serenamente, para os braços do Pai. Foi sepultado no jardim, ao lado da Igreja Nossa Senhora do Rosário, no Bairro Nereu Ramos, em Jaraguá do Sul. É um local de orações e pedidos de graças. Muitas pessoas testemunham já terem alcançado graças por sua intercessão. Cremos que ele, junto de Deus, está intercedendo por todos nós e, de um modo todo especial, pelos que procuram auxílio em suas necessidades. Todo dia 17, de cada mês, lembrando o dia do seu falecimento, é celebrada a missa da Misericórdia, às 15h.
Léo Tarcísio Gonçalves Pereira (Arquidiocese de Florianópolis) – Mais conhecido como padre Léo, nasceu em 9 de outubro de 1961. Veio de família humilde de Delfim Moreira, Sul de Minas Gerais, no vilarejo conhecido por Biguá. É o nono filho de Joaquim Mendes Pereira (seu Quinzinho) e Maria Nazaré Guimarães (dona Nazaré). Antes de ingressar no seminário foi torneiro mecânico e também trabalhou em uma fábrica de armas em Itajubá (MG). Somente em 1982 entrou no Seminário Dehonista na cidade de Lavras (MG), pertencente à Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. Padre Léo foi ordenado Sacerdote em 1990, atuou na formação de novos religiosos e sacerdotes, também na área da educação e, em 1995, fundou a Comunidade Bethânia. O processo de beatificação do padre Léo começou em outubro de 2017, quando os padres Vicente, Lúcio e Elinton visitaram o bispo da Arquidiocese de Florianópolis, dom Wilson Tadeu Jönck. Durante a conversa, foi explícita a vontade de tornar Léo um beato, pedido que foi aprovado pelo arcebispo. Após esta etapa foi criado o Instituto padre Léo, entidade responsável pela coleta dos testemunhos dos milagres para depois serem encaminhados ao processo de beatificação e indicado o padre Lúcio Tardivo, bth, como autor da causa, que acompanhará todos os trâmites. Recentemente, no dia 8 de dezembro, a Comunidade Bethânia anunciou oficialmente a autorização da abertura do processo de beatificação do padre Léo.
Fonte: CNBB Regional Sul 4