O Concílio Vaticano II colocou a Bíblia nas mãos dos leigos. A partir daí surgiram os estudos bíblicos nas paróquias, na catequese, nos diversos grupos de reflexão, nas pastorais e nos movimentos de evangelização.
A Igreja no Brasil teve a feliz iniciativa de, no ano de 1971, determinar que o mês de setembro fosse declarado como o “Mês da Bíblia”. O livro escolhido para 2019 foi a 1ª Carta de João com o tema – “Para que n’ele nossos povos tenham vida” e o lema – “Nós amamos porque Deus primeiro nos amou”.
A Palavra de Deus provoca mudanças em nossa vida, nos tira da zona de conforto e nos envia como agentes de transformação social em uma luta contínua para que o Reino de Deus aconteça e se torne realidade entre nós.
Tendo sido amados por Deus, somos convidados a retribuir com amor. Isto se manifesta quando nos empenhamos para que nossos irmãos tenham vida em plenitude, de acordo com o projeto de Deus. Na medida em que nos deixarmos envolver pelo plano amoroso de Deus, não nos faltará o necessário para sermos instrumentos na luta para que “os povos tenham vida”.
Quando estudamos um texto bíblico são necessários três passos: 1º: exegético – colocar o texto no contexto da época em que foi redigido. 2º: vital – relacionar o texto com a vida da comunidade e 3º: mistagógico – suscitar uma atitude de fé a partir do texto em estudo.
A oração é de fundamental importância para todos nós. O próprio Jesus sentia a necessidade de estar a sós com o Pai para escutá-lo. A melhor forma para escutarmos o que Deus nos quer falar é a prática diária da Leitura Orante (Lectio Divina). Escutar para melhor servir. A lectio é um método que nos ensina a rezar e nos leva a praticar atos que estejam de acordo com a Palavra de Deus e produzirmos frutos de boas obras. É um instrumento necessário para que identifiquemos, na Sagrada Escritura, a boa notícia que esta nos traz. Com a Leitura Orante, podemos “saborear” a Palavra e não apenas escutá-la. Esta prática nos leva a confrontar o texto sagrado com a nossa vida e a tomarmos posições com relação ao que precisa ser mudado.
Para viver intensamente este Mês da Bíblia, faz-se necessário cultivar uma profunda amizade com a Palavra. Ter tempo para a meditação pessoal, conversar com o texto sagrado.
A Igreja nos motiva a participar dos grupos bíblicos em família existentes nas Paróquias. E ler a Palavra em comunidade é importante, pois é na comunidade que Deus se revela.
O tempo em que vivemos exige dos cristãos testemunhos de autenticidade. Não podemos brincar de faz de conta. As forças contrárias ao Evangelho atuam com verdadeiras avalanches destruindo tudo o que foi plantado.
Na 1ª carta de João percebemos que as primeiras comunidades cristãs fundamentavam a sua fé na experiência da ressurreição. Fazer a experiência do ressuscitado é o necessário para que descubramos que devemos amar porque “Deus primeiro nos amou”. Que a Palavra de Deus nos anime e nos dê força e coragem para que sejamos cristãos alegres e apóstolos da esperança.
Por Pe. João B. Assunção
Capelão do Hosp. Marieta Konder Bornhausen
Vigário da Paróquia São João Batista – Itajaí